30/11/2025
O professor, Rodrigo Sanches, o Digão, e a supervisora do Núcleo Escola Mais Inclusiva, Bárbara do Valle, falam da importância do esporte na inclusão de crianças e adolescentes
DA REPORTAGEM
A partir de janeiro, Penápolis passará a integrar, oficialmente, o projeto “Escolas Mais Inclusivas”, iniciativa da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) em parceria com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). O programa tem como objetivo tornar o ambiente escolar mais acessível, ampliando a participação de estudantes com deficiência e promovendo o esporte paralímpico dentro da rede estadual.
A Escola Estadual PEI Adelino Peters será o núcleo do projeto, mas as atividades estarão abertas não apenas aos alunos da unidade, mas também aos estudantes das demais escolas que integram a Unidade Regional de Ensino de Penápolis. A proposta é que o município se torne referência regional na prática esportiva adaptada, e na formação de professores para a inclusão.
Capacitação e estrutura do projeto
Antes do início das atividades, todos os profissionais envolvidos participam de uma formação estruturada pelo CPB. A capacitação incluiu cursos sobre modalidades paralímpicas e sobre o funcionamento do Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, onde os professores conhecem mais sobre os objetivos do projeto, as responsabilidades dos profissionais, além de conteúdos sobre classificação esportiva e organização do ambiente escolar para receber alunos com diferentes tipos de deficiência.
Para concluir essa primeira etapa preparatória, professores e supervisores também passam por módulos práticos com técnicas, metodologias e abordagens pedagógicas voltadas à inclusão. Após o retorno às escolas, cada equipe monta o calendário escolar, realiza a divulgação do projeto e inicia o planejamento das atividades previstas para fevereiro, quando as aulas começam oficialmente.
O “Escolas Mais Inclusivas” começou sua fase piloto este ano com 75 unidades selecionadas pela Seduc-SP. Destas, 10 iniciaram o trabalho em agosto, enquanto outras 65 — incluindo Penápolis — darão início à implantação até outubro, ampliando a iniciativa para o interior.
A parceria é estruturada em três pilares, sendo o primeiro deles o de promover a prática regular do esporte paralímpico nas escolas; o segundo é o de identificar e encaminhar alunos com potencial para o desenvolvimento esportivo; e o terceiro pilar sendo o de capacitar 20% dos professores da rede estadual para atuarem de forma inclusiva.
Segundo o CPB, a meta principal é garantir que alunos com deficiência tenham acesso a atividades físicas de qualidade, de forma segura e adaptada, oferecendo práticas que façam, com que estas crianças sintam prazer em participar e tenham a oportunidade real de se desenvolver.
Penápolis
A Supervisora do Núcleo Escola Mais Inclusiva, Bárbara Cristina Rizzato do Valle, detalhou como será a implantação do programa na cidade. Ela afirma que, mais do que oferecer esportes adaptados, o foco central é devolver autonomia e pertencimento aos estudantes com deficiência.
“O projeto busca trazer a criança com deficiência para o convívio social, para que ela se sinta capaz de realizar atividades dentro e fora da escola, inclusive do cotidiano. Queremos que ela tenha condições de se desenvolver no esporte paralímpico, que hoje tem ganhado muito espaço e oportunidades”, explica.
Bárbara destaca que a proposta também pode transformar trajetórias. Segundo ela, há casos em que o esporte adaptado se torna não só ferramenta de inclusão, mas até uma possibilidade de carreira para os jovens.
O trabalho em Penápolis será conduzido a partir do núcleo Adelino Peters, mas o atendimento deve alcançar todo o município. Para isso, haverá abertura de inscrições e diálogo com outras escolas, famílias e a comunidade escolar.
“Contaremos com a colaboração das escolas da região e também da comunidade, especialmente das famílias de crianças que já possuem laudos ou acompanhamento especializado, identificar cada estudante e compreender suas necessidades, para que possamos direcionar adequadamente as práticas esportivas”, detalha Bárbara.
Ela explica ainda que a escolha da Adelino Peters como escola-base ocorreu após triagem da Seduc-SP e do CPB entre as unidades que se candidataram.
As aulas poderão ocorrer em contraturno ou até dentro das próprias aulas de Educação Física, dependendo da necessidade de cada aluno. Os professores selecionados são profissionais da cidade, contratados diretamente pelo CPB após processo seletivo e formação específica. A expectativa é que, já em janeiro, todas as equipes estejam estruturadas para o início efetivo dos trabalhos em fevereiro.
Inclusão através do esporte
Para a supervisora, o impacto do projeto vai além da prática esportiva. “Muitas famílias, por falta de orientação ou receio, acabam limitando o convívio social da criança com deficiência. E nossa proposta é justamente o contrário: incluir, promover autonomia, melhorar a autoestima e desenvolver habilidades motoras, sociais e emocionais”, afirma.
Ela reforça que a participação no esporte contribui também para a construção de amizades, socialização e bem-estar. E, em alguns casos, pode abrir portas para o alto rendimento no futuro.
Papel do professor
O professor Rodrigo dos Santos Sanches, popularmente conhecido como Digão, docente da Escola Adelino Peters e participante da capacitação, lembra que o projeto chega para suprir uma carência antiga da rede escolar.
“Muitas vezes o professor não sabe como planejar uma aula inclusiva, não tem acesso às orientações necessárias. Com o projeto, teremos formação, suporte e ferramentas para garantir que nenhum aluno fique de fora das atividades físicas”, afirma.
Segundo ele, a chegada do ‘Escolas Mais Inclusivas’ representa “um divisor de águas” na forma como a educação pública regional enxerga e atende o estudante com deficiência.
Com previsão de início para fevereiro, Penápolis dá um passo importante na construção de um ambiente escolar mais acolhedor, participativo e inclusivo, onde o esporte paralímpico se torna ponte, oportunidade e transformação.
Investimento
O Governo do Estado vai investir R$ 49,3 milhões nos próximos 48 meses para inclusão esportiva de alunos com deficiência matriculados na rede estadual de ensino através do projeto “Escolas Mais Inclusivas”.
A ampliação do projeto pelo Estado se dá por meio de um termo de fomento, assinado pelo secretário de Educação, Renato Feder, e pelo presidente do CPB, José Antônio Ferreira Freire, que estabelece a criação de núcleos regulares de esporte paralímpico voltados a crianças e adolescentes com deficiência.
“Estamos dando um passo histórico para garantir o direito dos estudantes com deficiência à prática esportiva qualificada, dentro do ambiente escolar. Essa medida visa, ainda, evitar a evasão escolar e promover o bem-estar físico e emocional desses estudantes”, afirma o secretário Feder.
A proposta visa não apenas ampliar o acesso ao esporte como ferramenta pedagógica e de inclusão, mas também descobrir e encaminhar talentos aos centros de referência paralímpicos, coordenados pelo CPB no Estado.
As escolas selecionadas receberão equipamentos adaptados como bolas de golbol, mesas de tênis de mesa, redes de vôlei sentado, quimonos, raquetes e materiais para atletismo adaptado. A lista completa inclui mais de 30 tipos de equipamentos esportivos especializados.
Para implantação do projeto piloto do programa “Escolas Mais Inclusivas”, a Seduc-SP selecionou, em localidades estratégicas, unidades de ensino que serão centros de referência em boas práticas de educação inclusiva. O objetivo é promover discussões entre as equipes especializadas, promover diretrizes e tornar as mudanças mais claras para aplicação em toda a rede.
(Rafael Machi)
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